“Cada vez mais pessoas estão se envenenando com medicamentos para emagrecer”

O número de pessoas que se intoxicam devido ao uso não supervisionado de medicamentos para emagrecer está aumentando exponencialmente, afirmou o centro toxicológico NVIC.

O centro recebeu cerca de 105 relatos de envenenamento este ano, em comparação com 75 em todo o ano de 2024 e apenas 41 em 2023, informou o AD na sexta-feira.

A maioria dos casos envolvia semaglutida, princípio ativo das marcas registradas Ozempic, Wegovy e Rybelsus, que havia sido comprada online pelos usuários sem orientação médica.

Os sintomas incluem náuseas e vômitos, além de problemas estomacais e intestinais. "E esses são apenas os casos relatados por médicos de família ou especialistas. Há muitos outros que não chegam ao nosso conhecimento", disse Dylan de Lange, chefe do NVIC, ao AD .

De Lange afirmou que, em vários casos, as pessoas acabaram gravemente desidratadas e precisando de atendimento de emergência. "Pessoas que exageram muito correm o risco de desenvolver gastroparesia, que afeta os músculos do estômago, impedindo a digestão adequada dos alimentos", disse ele.

Segundo De Lange, o uso sem supervisão de supressores de apetite está aumentando. “As pessoas estão comprando online ou conseguindo de outras maneiras. Com esse tipo de medicamento, é preciso começar bem devagar, aumentando a dosagem até chegar ao nível ideal para cada pessoa”, disse De Lange.

O aumento do uso do medicamento motivou a realização de mais estudos sobre efeitos colaterais raros, porém graves, como insuficiência renal aguda, infecções hepáticas, atrofia muscular e infecções dos vasos sanguíneos oculares, que podem levar à cegueira, afirmou ele.

Cerca de 120.000 pessoas na Holanda receberam prescrição de medicamentos para emagrecer em 2024.

Atualmente, nos Países Baixos, os medicamentos para emagrecer só são cobertos pelo seguro de saúde para pessoas com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 35 e diabetes tipo II. No entanto, numa pesquisa governamental realizada no início deste ano, 90% dos entrevistados afirmaram que os medicamentos para emagrecer deveriam ser incluídos no pacote básico de seguro de saúde.